segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

MEU ALTER EGO DEVASSO

Pra onde fugir quando se na verdade você só quer ser encontrado, talvez ser encontrado não seja exatamente o que eu queria ser, minha mente dizia que sim, meu corpo repulsivo só acreditava que não daria certo e nele fui acreditando até ter a certeza de que eu não era pra ser encontrado. A intensão era boa, era na verdade tudo o que eu queria, mas na verdade até onde nossos medos inconvenientes podem chegar, até onde eu me sacrificaria por ter uma noite de prazer sem ter um alicérce quando na verdade eu já tenho minha mansão, a espera nos arremata, o presente pode ser totalmente decepcionante. Talvez eu seja um cara a moda antiga, talvez não tenha acompanhado a tragetória da bala, e ela, passou por mim meio que de raspão, me deixando com dor porém, ainda querendo ser baleado, meu coração está intacto e ainda batento muito forte, o que fazer quando suas chances são mínimas e você acaba desperdiçando a única que você tinha, qual seria a definição de eu estar escrevendo tudo isso se não fosse por um propósito, se não fosse por alguém? Sinto um sabor agridoce de que você vai embora amanhã e o que podiamos a gente fez mas, o que poderiamos se você não tivesse que ir? Será que você pensa em mim mesmo, como bêbado disse que me amava, quantos mais ouviram isso de sua boca cheirando a vodka com refrigerante barato e depois se deram conta de que isso tudo poderia ser uma farsa, um desafeto de alguém que precisa urgente ser amado, nem que seja apenas por uma noite? Isso eu pensei de você!!! Talvez a incompreensão da nossa primeira vez nos fizesse refletir se durante todo esse tempo se um valeu a pena pro outro, ainda reflexivo digo que depois de tantos desencontros no mínimo valeu, só que eu te queria pra mim mas você ainda mais reflexivo me passa constantemente que nunca vai dar certo e sabe porque? Nós somos de culturas diferentes, mundos diferentes, gozos diferentes, apesar de sermos um, alter ego do outro, a quem nos diga que parecemos irmãos de tão parecido, mas nós dois sabemos que isso é somente uma questão de estética.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O VELHO BANQUINHO DA PRAÇA (MEMÓRIAS)

Vejo pessoas na rua caminhando atrás de seus objetivos, correndo atrás de sua vida incansavelmente tropeçando em paralelepípedos pra chegarem a seus destinos. Pessoas namorando na pracinha da escola, me dão um prazer, sinto-me com dezoito ou talvez menos, não canso de admirá-las com seus olhares sinceros de dar inveja a um padre no confessionário, gente querendo amar uma vez na vida e ser amada, isso é reciprocidade verdadeira. Sento-me pra tomar um sorvete de creme naquela mesma e velha sorveteria do bairro aonde um dia amei alguém entre potes e casquinhas que hoje apenas minha memória dá sinal de não estar envelhecendo e por isso me fez lembrar desse alguém especial. Olho pela porta de saída e o vejo mais gordo ou talvez mais forte, não importa, é o mesmo de anos atrás, me olha e pisca um dos olhos em sinal de reciprocidade de sentimentos ou talvez de respeito. Termino o sorvete e saio um pouco vermelho de timidez que fez valer a pena a um tempo atrás, vejo um acidente de moto há uns dois quarteirões á minha frente, prefiro não ir até lá, na última vez que fui,um grande amigo se despediu deixando uma marca de sangue no asfalto e até hoje tenho uma grande aversão a motos, não consigo gostar, acho lindos os designes mas não gosto de andar não, prefiro pegar um táxi. Passo por vários lugares que me insinuam lembranças, toda vez quando saio de casa sempre passo por algum lugar que me faz lembrar de algo ou alguém, até a loja de calçados me faz lembrar da minha época de all star, quando eu adorava beber conhaque na esquina pra me sentir anti-social porque meus amigos eram totalmente anti-sociais, inclusive a pessoa que eu namorava na época, foi uma fase de muito amor e porrada, noites viradas no álcool, sexo e muito rock and roll, quando a gente cresce sempre fica pedindo pra voltar pra essa fase, o mundo tinha gosto de auto conhecimento e sem censura, hoje apenas tentamos nos conformar com as idas principalmente dos nossos ombros amigos daquela época. Dia da pátria, vejo um bando de soldados se apresentando em uma avenida famosa aqui da minha cidade, ombro arma, meia volta volver, alto!!! Já passei por isso e fico me perguntando como é que será que eles estão se sentindo toda vez que os vejo, será que estão fulos, será que estão entrando em êxtase, na minha época diria que era um misto dos dois, não gostava mesmo era de acordar cedo demais, alias nunca gostei, sempre preferi dormir bem depois do programa do Jô, mas sempre trabalhei com maior empenho e nadinha de sono, depois que a gente sai do exército com certeza nos policiamos muito mais, inclusive nos damos ao luxo de amar a quem naquela época não podia, mas fazer o que se não somos amados na maioria das vezes, então eu passo. Vou para o futuro e nele descubro que sou um grande artista talvez digno de prêmio Shell, mas o melhor de tudo é que hoje vivo com a arte delineada sobre a minha pele pintada por aquela pessoa que me fez enxergar que a vida não é feita de lembranças pra sempre e sim representada no palco todos os dias de uma vida.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

PIANO DE CAUDA CINZA NA SALA DE ESTAR

Babel já não existe mais e o que te trás aqui são só as lembranças de uma taça de vinho selecionada pra ocasião que nunca aconteceu. Muitos pensamentos em vão, tudo pode ser reavaliado com um pouco de bom senso e tranquilamente mantendo o humor em alta pra conseguir alcançar um pequeno êxtase de verdade por trás de sua linda capa azul de veludo que ainda continua mantendo seu rosto indefinido pra mim. Como será que eu conseguirei ver por trás dessa capa seu lindo rosto que só conheço por essas malditas fotos recortadas na página virtual desse sistema torpe que acaba por me finalizar na última volta antes da linha de chegada me dizendo que é melhor parar por aqui e dizer adeus. Quem sabe um dia, quem sabe nunca, quem sabe das coisas, quem sabe das pessoas e quem são elas? Acreditei no pecado porque jurei que te amava e de repente me curvo aos olhos pagãos dos fracos por ter me dado ao luxo de ter violado mais essa lei por você, eu olho o céu azul e reconheço que ele é mesmo infinito e que eu talvez eu não faça tanto sentido sendo apenas um cara pequeno no tamanho e na realidade das coisas que ultimamente tenho vivido, às vezes me sinto como uma nota de um piano de cauda cinza na sala de estar que fica por se dissipar com as outras já perdendo o sentido da canção que era tão linda e que agora não passa de rabiscos vermelhos dizendo pra eu cantar em fá bemol. Às vezes diante de tudo eu me sinto como uma nota musical, tão pequena mais tão significativa que me dá orgulho de poder dar prazer aos ouvidos selecionados, á tristeza aos boêmios, lembranças aos nostálgicos, amor pra você... Ponho-me pensativo e digo e altas palavras, cadê você, fico triste em pensar que pode ter sido em vão e ponho-me a chorar pelo leite já derramando pela cozinha vazia tendo a minha visita.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

TALVEZ UM DIA

São tantas palavras e tantos momentos que me curvo à cordialidade dos seus pés, só tinha de ser com você, apenas me beijando como um menino louco de desejo proibido e acariciando meus cabelos suados de paixão e vulgaridade. Talvez um dia você negue que foi meu um dia, talvez você ainda apareça pra mais uma dose de gim e talvez um dia eu não esteja mais aqui pra te ver chegar, assim como quando várias vezes fui eu que cheguei e você não estava por me esperar. Esse coração louco e trouxa de um cão alucinado por seu osso ainda latente quem sabe um dia tenha a esperança que vai se dar por vencida de tanto te esperar, como eu te esperei até hoje, um dia a mais, tanto faz, são dias que hoje dói menos, mais ainda dói. Talvez um dia ela se canse ou talvez um dia vocês se casem, pra mim a indiferença apesar de ser tamanha, já não importa mais, como naqueles dias que eu planejei, o mesmo que você deve estar fazendo hoje e talvez até com mais êxtase e luxuria. Aqui aonde eu cheguei pode apostar que foi longe viu, mas não o bastante me sentir vencido, outras pessoas viveram também a minha vida, como você e eu naqueles anos que eu me sentia a pessoa mais apaixonada que poderia haver na vida, paixão que apaga como fogo encontrando a água pra ser apagada e deixa aquela brasa ainda acesa que permanece, essa brasa hoje prestes a ser apagada é o que ficou, é o que sobrou pra mim, apesar de ventar muito e permanece-la acesa por todos esses anos. Meu pranto por você acabou e hoje resta apenas um soluço, não constante, mas ainda existe, foi quando percebi hoje que apesar de tantos anos passados ainda não me esqueci de você, pior pra mim talvez porque é o que eu deveria ter feito naquele adeus barato que você me deu naqueles mesmos anos desapercebidos para um de nós dois.

sábado, 21 de junho de 2008

A PATOTINHA

A PATOTINHA

Quando a gente é criança sempre a gente pode tudo, cagar nas calças, mijar no portão da vizinha, apertar a campainha e sair correndo ou simplesmente não brinco mais. Quando somos criança desfrutamos muito de nossa inocência, gritando com papai e mamãe, roubando o chocolate do amiguinho, criando a famosa patotinha e excluindo os menos populares da escolinha, mais aí... a gente vira adolescente e algumas coisas tendem a mudar, a gente começa olhar diferente para as pessoas, analisar mais detalhadamente seus aspectos positivos e negativos, começamos a olhar com desejo e ficamos morrendo de vergonha que a pessoa desejada descubra, mas aí ela descobre e pior, também estava te olhando e você nem percebia. Começa uma fase de sensações únicas que só quando ficamos velhos nos damos conta de como era boa essa fase, mas dentro dela também existem os maiores conflitos talvez de nossas vidas, a impaciência é constante, você se acha o dono do mundo e sabe aquela garota que te deu mole, muita das vezes é a grande causadora do afastamento de seus melhores amigos, é tudo muito desigual mais isso você só aprende com o passar do tempo. Começam os trabalhos, a maturidade chega e você tem que entrar na ilha dos sobreviventes e olha que não é Lost mais nem por isso não quer dizer que o avião não vá cair, sua meta é nunca deixar ele sair do espaço porque senão você cai junto com ele e se ferra. Amigos voltam e começam a trabalhar com você, no começo é tudo lucratividade, mas depois os interesses de cada um vão se sobressaindo até que a gente descobre quem é nosso amigo de verdade, a patotinha se arma novamente e aí é que a gente enxerga quem realmente se interessou por você e quem te levou pra boca do corvo pra dar um passeio na miséria da incapacitação de não saber entender o porque daquilo e olha, é de mastigar adubo. Parece que quando a gente cresce não pode mais nada, não somos mais inocentes, ficamos uma espécie de robô programado pra acordar o mais cedo possível no dia seguinte, como era bom ser criança, como era bom poder ter olhos selvagens de desejo, como é péssimo ficar brigando por posição no trabalho, seja em qual área for é o mesmo que perder antecipadamente sua velhice, seus bons momentos é deprimente ter o sentimento de grandeza quando não se é um nada e o pior, quando você sabe que está errado. Chega ser infantilidade e olha, que dessa fase, você já passou. E talvez quando fiquemos velhos entendamos todo o significado dessa grande coisa que sempre se procria e que sempre, é a mesma coisa.

sábado, 7 de junho de 2008

A ESPOSA E O AMANTE FIÉL

Acabara ali, pra Natércio o mundo girava de ponta cabeças em seu estomago, a sensação era da mais pura impotência seguida de ânsia repetitiva, não tinha mais como ser a outra metade da relação, os outros tempos falariam mais alto.Em um dia tempestuoso de julho Natércio corria feito gato com medo de água pela orla da Marina da Glória procurando um abrigo pra se proteger da chuva ácida da capital carioca, entrou dentro de um barzinho da orla aos pulsos acelerado quando a chuva caia ainda mais feroz e autoritária. No bar os homens jogavam bilhar e as mulheres fumavam feito chaminés de usina, enquanto conversavam da vida, Natércio procurou uma mesa mas estavam todas servidas de pessoas, ficou ali esperando a chuva passar. Passou uma, quase duas horas quando a água já estava se acalmando, Natércio viu um rapaz correndo em sua direção fugindo da chuva, entrou completamente molhado no bar, fadigado e tossindo aos berros, a chuva ficara ainda mais nervosa.Pedro estava diante de Bárbara lhe pedindo as mais esfarrapadas desculpas de um homem digno de pena aos prantos dizendo que não tinha a menor idéia de como aquela marca de batom tinha ido parar na sua camisa de linho azul, Bárbara tinha a mais absoluta razão de estar a beira de um colapso nervoso e só queria que Pedro fosse embora da sua vida e nunca mais voltasse, foi quando bateu a porta na sua cara. Ali diante daquele mar azul pensou em nunca mais querer saber de Bárbara, saiu sem rumo e caminhou feito um nômade pelas ruas cariocas, sentou em um banquinho a beira mar e chorou feito um menino que deixa cair o doce no chão sujo, começou a chover e Pedro voltou e se abrigou em um quiosque na praia. Passadas quase duas horas ele decidiu sair e voltar pra casa mais a chuva não dava moleza naquele dia então correu em direção ao barzinho de bilhar.Natércio olhou o estado do homem e pediu para que sentasse a com ele no balcão, pediu dois copos com conhaque, acalmaria o frio.Pedro aceitou a cordialidade do homem desconhecido e tomou o conhaque em um só gole, pedindo outro logo em seguida e outro logo mais, a chuva já tinha se dissipado mais ele não queria mais sair de lá, precisava afogar suas mágoas.Natércio bebia com o novo amigo e a noite chegara como uma nuvem que se esvai no céu, Pedro estava aos soluços e começou a querer desafiar os homens do bar dizendo que era homem e que um dia as mulheres deles irão os deixa-los porque são todas umas mal amadas, foi quando começou o tumulto. Um homem com um taco de bilhar acertou Natércio que foi a lona sem dar um só golpe, Pedro arrastou o amigo pelo colarinho e sairão do bar aos tapas e ponta pés, Pedro levou Natércio para casa dele que era perto da orla, chegaram bêbados e rindo do acontecido no bar. Os olhos de Pedro pareciam se camuflar olhando para Natércio que ria de tudo que ele dizia, sentiu uma vontade inexplicável de beijar aquele homem que acabara de conhecer, aquele homem, logo pensou que nunca sentira esse tipo de vontade antes e o que aquele homem tinha de diferente dos outros, seria a carência de Pedro que tivesse feito com que olhasse para Natércio com outros olhos, não queria saber. Pedro pegou Natércio pelo braço e começou a beija-lo ferozmente como quem não quer que a noite termine mais, Natércio correspondeu a Pedro e os dois começaram a tirar suas roupas úmidas com as mãos e com a boca, foi ali mesmo no sofá, não queriam se largar por nada e amanheceram juntos na sala.O telefone tocou por volta das oito e meia da manhã, Pedro acordou afobado e atendeu, era Bárbara pedindo pra ele ir até a casa dela, quando olhou pela sala viu o corpo nú de Natércio deitado no sofá, sentiu um arrepio seguido de arrependimento, sua noiva querendo voltar com ele e ele transando a noite toda com um homem que conhecera no dia de ontem. Pedro acordou Natércio que sorria incansavelmente pela noite que tiveram juntos, Pedro se trocou e disse que precisava sair, Natércio sentiu um fio de peso na fala de Pedro e trocou-se também. Os dois sairão do apartamento sem se falarem muito mais pra Natércio já estava tudo entendido, tinha passado a noite com um homem bêbado e extremamente heterossexual, disseram adeus um para o outro e seguiram suas vidas. Pedro voltou para Bárbara. Passados dois anos depois da noite de Natércio e Pedro um encontraria o outro e em situações semelhantes.Pedro saira mais cedo do trabalho naquele dia, passou na padaria comprou pão e foi pra casa.Natércio estava ganhando muito dinheiro no novo emprego, e saia todas as noites com homens e mulheres diferentes, era um galanteador nato.A vida de Pedro estava mesquinha, a mulher não era mais como antes, o fogo tinha se apagado e ele ja não recebia mais tantos carinhos como antes, quando chegou mais cedo naquela noite ele notou que a luz do quarto estava acesa entrou de mansinho e flagrou Bárbara na cama com outro homem, a meia luz deixava seus olhos embaçados então á acendeu, era Natércio entre as pernas de sua mulher que gemia feito uma vaca holandesa, os dois se separaram e tudo ficou vermelho. Natércio olhou para Pedro e Pedro não acreditava que aquilo estava acontecendo diante de seus olhos, jogou o pão no chão, voltou para sala, pegou uma arma calibre trinta e oito subiu no quarto e deu três tiros em Barbara, pegou Natércio pelo braço e o colocou dentro do carro, aos berros de como você pode fazer isso comigo, Pedro jogou o carro em cima de um poste, tudo ficou preto. Natércio morreu naquela noite chuvosa, tinha acabado ali suas expectativas de vida, Pedro sobreviveu mas ficou paralítico, entrevado em uma cadeira de rodas para o resto de sua vida e até hoje quando passa pela orla olha para o céu e sente que vai chover, então volta pra casa, deita e dorme pra esquecer de seus crimes que pela policia nada foi provado e de Natércio, que não queria tê-lo conhecido nunca, o causador da sua dor e do seu amor.

sábado, 24 de maio de 2008

DIÁRIO 1998 - 2002 (O MUNDO EM PÁGINAS DE MEMÓRIAS)

Vasculhando meu quarto atrás de uma pinça, achei meu diário do ano de 1998 até 2002, sentei na cama e comecei a folhar aquelas páginas já com um pouco de tempo sem serem tocadas. Faz exatamente dez anos que tinha começado a escrever sobre aquele presente e sobre o futuro que cai bem nos dias de hoje, as lembranças daquela época não muito distante entram pela porta da minha mente e me reflete a tanta coisa do que eu pensava, do que eu era e que hoje talvez eu veja como é engraçada a vida e o que ela nos proporciona de conhecimento, amadurecimento e tantas outras qualidades e desafios a serem superados. Lá em 98 quando comecei a escreve-lo tinha tanta coisa pra mostrar, pra passar, que quando acabei de escreve-lo em 2002 acabei também por esquece-lo e ficou ali por seis anos até que eu encontrasse agora em 2008 me trazendo com ele, amores, paixões avassaladoras, perdas, amigos que fiz naquela época que hoje já não existem mais no meu cotidiano e outros que ainda posso contar, são exatos dez anos que passei e trago comigo nessa bagagem a estrutura de um pássaro raro que alçou vôo entre brisas e tempestades e que hoje me fazem refletir. Passou João e Maria cortando pedaços de pão para não perderem o caminho, passou Alice com seus cogumelos alucinantes e seu mundo das maravilhas, Chapeuzinho enfrentando o Lobo Mau e tantas outras histórias de fazer eu me sentir um herói de desenho animado que está a beira de completar cem anos de aventuras. Antes, naquela época era um adolescente que amava Atração Fatal, Uma Linda Mulher, O Silêncio dos Inocentes, Deby e Loyde e tantas outras coisas que me faziam rir, chorar, querer ter alguém... Hoje sou um homem que admiro meu passado entre 1998 á 2002, tudo naquela época tinha um gosto de chiclet bubballo sabor tutti frutti, tive mulheres e homens que por mais que não os veja hoje sei que fizeram parte desse meu encantamento pela vida, às vezes dá uma vontade de voltar a ser rebelde ou responsável demais, hoje tudo é muito equilibrado demais, acho que já com meus vinte e sete anos estou precisando partir para um novo diário, talvez eu o faça e quem sabe esqueça em uma gaveta e talvez eu o ache nos meus trinta e sete anos e daí relembre exatamente o que eu fazia á dez anos atrás quando eu era apenas, um menino que vendia livros.

sábado, 26 de abril de 2008

A TARDE

Como é de se imaginar aqui dentro do peito jaz uma rosa de Guadalupi, os espinhos machucam e a ferida se abre completamente fazendo com que eu padeça sobre o pé da cama. O difícil não é conviver com essa rosa no peito é saber que os espinhos dela ainda estão lá e estarão por algum tempo porque permaneço como jardineiro fiel a ela. No escuro de uma noite fria avistei uma luz fosca que me fez entender que ali eu poderia ter um pouco de calor se a seguisse então sem entender o sentido da busca por ela fui até conseguir toca-la, acordei todo molhado de suor e com palpitações aceleradas, fui até a cozinha e tomei um gole d'água e me coloquei a refletir sobre o sonho, adormeci novamente. Quando acordei na manhã seguinte o sol queimava minha cara, estava capotado no chão da cozinha com a janela aberta, resolvi que aquele seria o último dia que viveria com aqueles malditos espinhos no peito, saí de casa e fui até a casa dele, olhei bem no fundo dos olhos e me mantive intacto diante da situação, dei um sorriso largo, cheio de vida e voltei pra casa, no final da tarde recebi rosas e um cartão, coloquei no vaso e percebi que eram sem espinhos, estavam cheirando a ele...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

A CORTE

Deixa estar, começo dizendo aquilo talvez que me faça mais sentido nesse momento, aos trancos e barrancos da vida como sempre sendo bela, a majestade põe-se na visão correta da corte embasbacada de sentimentos úteis talvez por alguns momentos. Como é que será feita a nossa vontade??? De que maneira a gente sabe que a nossa vontade será feita??? Talvez não sabemos, somente cremos que um dia seja feita... e por que não esperar??? Por que agirmos necessáriamente de uma só vez ao invés de realmente esperar pra ver??? Talvez porque a gente precisa disso, talvez porque precisamos correr atrás o tempo todo. A corte sempre observa mais do que age, afinal o imperio é tratado de ações conduzidas por aqueles que agem de alguma forma para o bem ou para o mau e afinal será que um dia saberemos se estamos agindo para o bem ou para o mau, são tantas perguntas que as vezes é melhor deixar estar e esperar... ahhh sei lá.

sexta-feira, 28 de março de 2008

ILDS

O texto já dizia...que talvez o espelho tinha razão...tinha alguém mais bela do que eu... em suma as vezes nos colocamos em posições de animais... talvez pra comer a presa até lambuzar os lábios...porque ter virtude no mundo dos homens... é saber invejar primeiro...até que nossas razões já não se sobressaiam mais... então decidimos brincar de Deus...fazendo com que as chagas pulsem o sangue de nossos corações pra fora...daí vem o abandono... uma árvore sem folhas que não vai te proteger da chuva... sem que a gente perceba que um dia a árvore florescerá novamente...assim vamos continuar nos doando pra desconhecidos para não ficarmos sozinhos... até que um dia possamos ser dignos de encontrar a felicidade, em horinhas de descuido.

quinta-feira, 6 de março de 2008

UM AFAGO VESTIDO DE VERMELHO, UM BRIO ARRANHADO NO EGO E UMA SOMBRA REFLETIDA NA AREIA

E agora... como é que vai ser???Sinto minhas mãos úmidas e tremulas pela falta do que fazer sem sua presença que antes constante me protegia, sinto que perco o carro em uma curva fechada e acabo batendo em uma grande árvore que estava ali a minha espera, pra me fazer acordar ou desistir de tudo mesmo. Às vezes sinto que devo voltar a falar com você e insistir mais um pouco, quero uma boca que seja eternizada pra mim e não farpas no meu olho me deixando cego de vez. Sinto que a chuva está por vir, sinto o cheiro da terra e acredito que ela me trará esperança, um afago vestido de vermelho, sinto a chuva por vir e a espero. Quando que essas sensações de apego e desapego vão acabar com o meu brio já arranhado, chega ser ordinariamente dependente. Saio pra vida e continuo lutando, amando, dependendo, gozando, traindo, mentindo e ainda gostando, o mar vem me procurar e eu deixo minha sombra se estender na areia como se ali, eu procurasse um castelo.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

PRAZER SUBLIME

Hoje acordei e percebi que o tédio não me preocupava mais, sentia uma sensação de liberdade plena quase que um ecstasy sublime me percorria em tons de arrepios me deixando completamente sem querer ter noção do tempo lá fora. Quando dei por mim olhei pela janela do meu quarto e vi aquela manhã toda coberta por um manto de neblina branca se espalhando por todos os lados e um friozinho gostoso me percorria o corpo quase nu envolto apenas por uma cortina de seda banca com tons azuis. Me vesti e fui para cozinha respirando um ar puro e doce de uma manhã perfeita, não fiz nem café, tomei um suco de laranja e comi um queijo fresco pra me recompor do jejum da noite anterior, olhei pelo corredor e ele estava em pé me olhando com aquela cara de quem tinha todo o prazer de uma noite memorável, ficamos ali parados olhando um pro outro sem nada a dizer celebrando o ósseo, a vida em tons cor de pele. Tomamos café e suco depois saímos pra ver o sol, a neblina já havia saído de cena e pegamos um na mão do outro e sentamos embaixo de uma árvore que tinha as flores cor de rosa, não me lembro agora o nome mais era linda e enchia os nossos olhos, andamos horas na grama molhada pelo orvalho até que fomos ao riacho, mergulhar e sentir o poder da água batendo em nossa volta, nos divertimos muito. Saí da água e me sentei embaixo de uma grande árvore verde e comecei a escrever o segundo capitulo do meu livro, nele digo que quando se tem verdade em uma poesia ela se torna inesquecível para alguém e que o poder da palavra é o dom mais supremo para um ser humano se encontrar ou encontrar-se com um grande amor que precisa. Já faz muito tempo que já não me preocupo com problemas, digo não me interesso em pensar se vou viver cem anos ou terei de morrer por amar demais alguém, apenas me preocupo comigo, com alguns dos "meus" e por algumas questões sociais que me interessam, no mais sigo vivendo dia após dia abrindo a grande janela do meu quarto e vendo a maravilha que nenhum ser humano me proporciona, a natureza com traços de liberdade crescendo sem ser interrompida e uma vida selvagem sem ser agressiva.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A FILA DO BANCO

Hoje ele saiu de casa com um perfume vagabundo a exalar na rua, meu olhar ficou fixo nele e de repente me vi livre, triste, me ajoelhando de novo aos pés e pedindo pra que voltasse atrás, não voltei. Antes de hoje ja não tinha mais aquela sinceridade bacana radical que a gente quer que o próximo nos dê, não era mais pra ser, tinha que acabar logo com aquele amor que virou confusão e depois não virou mais nada simplesmente porque não tinha mais nada pra virar, tinhamos que seguir aquelas velhas histórias de caminhos separados e sabe de uma coisa, a gente segue, não é? Quantas vezes seguimos esses caminhos que depois encontramos de novo e de novo voltamos a percorre-lo, a vida é uma grande fila de banco imensa bem no dia que você recebe seu salário, você recebe mas depois tem que esperar um tempo e ela está lá de novo, só que ás vezes você não tem nada pra receber e aí a gente corre atrás mesmo sem ter nada pra receber a gente tenta e se não der certo a gente tenta de novo e até quando a gente aprende com uma desilusão a gente tenta outra vez. O circulo real das coisas giram sempre em volta de nossos umbigos e assim a gente vai e vai e continua até conseguir mais um desastre no final das contas novamente porque simplesmente a gente não descansa, não para pra olhar pra fumaça das grandes fábricas que hoje estão mais em alta do que nunca, a paixão de ficar apaixonado é tão importante assim? Será que nos doamos tanto pra nada, será que você vai ser meu? O que você me diz agora? O que eu preciso ouvir? Porque a gente não tenta dar a segunda sendo que ainda não nos satisfizemos na primeira? Porque de tantos porque's? Me responde?

sábado, 5 de janeiro de 2008

SEDA

Não to chatinho,só desisti de algumas coisas,quero o novo envolvido em um papel de seda,não pra fumar,pra rasgar e jogar pelo 13º andar em pedacinhos de 3x4, pra me lembrar daquela sua foto da identidade,que eu odiava tanto,mas que agora me faz falta...