terça-feira, 30 de outubro de 2007

BANGALÔ

Estou ouvindo Beethoven logo de manhã de uma noite que passara em branco, pelo jeito devem estar rindo da minha cara lá fora na terra dos que ainda um dia vão ser comidos pelos bichos a sete palmos do chão gélido da mortalidade. Logo recorro aos meus livros e fico ali submerso na inigualável imensidão da ilusão passageira, histórias longas demais que chegam sempre á um final feliz, sem solidão, sem preconceitos, sem ilusão, sempre correta, a vida continua a ser uma sementinha a ser cultivada pra depois morrer de sede, de fome ou de infecção generalizada. Ligo a tv, só desgraça, putaria, reality shows baratos, como entrar dentro desse mundo imposto pra você, não vejo graça em nada então desligo e da sala vou pra cozinha comer e comer mais e mais, satisfazer o ego da minha ansiedade com aquela vaca que foi morta pra matar a minha fome. Ainda não consigo ver graça nas coisas pra mim o verde é pálido demais da conta, o amor anda gelado sem fogo pra queimar meu baseado, não fumo. Tudo dentro de casa vai ficando vazio sem graça, podre, inútil, resolvo sair, pessoas do lado de fora se espantam e entram pra dentro de suas casas pra ficar rindo da janela, o mundo se revolta contra mim e eu contra ele, sento debaixo de uma marquise e começo a escrever mais um dos meus contos sobre a vida e depois mando mais uma vez pra ser criticado em uma revista famosa. Na verdade adoro críticas talvez porque não me conheço direito então fico sempre recebendo a palavra dos outros como a última pra mim no meu trabalho. Depois de uma semana de espera vejo meu conto publicado na revista com aceitação de 100% da crítica, da noite pro dia viro escritor dessa revista famosa, minha vida vira de cabeça pra baixo, pessoas me pedem autógrafos e já não entram mais pra dentro de suas casas com medo de mim, não riem da minha cara feia ou da minha barriga gorda, querem um pouco de mim pra eles, querem tirar pedaços do meu talento. Volto á marquise começo um novo conto e nele falo das pessoas que são massacradas pela aparência pelo simples fato de não terem oportunidade e são julgadas como á escória podre do fundo do seu quintal, ganho mais um prêmio e deixo meu humilde bairro pra trás e com ele as pessoas falando de mim com admiração, respeito e amor, pois um dia vão ser eles que irão propagar meu nome naquele lugar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

AMOR

Amor que é amor por si só já diz sem pedir,
Amor que se sente é aquele amor verdadeiro que não mente,
Amor que não mente não julga nem desconfia,
Amor que se dá não se doa se propaga,
Amor assim é sempre bem vindo, sempre querido,
Amor assim é o que eu sinto, quando meus olhos se abrem,
Amor eu sinto até quando minto com a maior sinceridade,
Amor pra quem quer, amor pra quem precisa,
Amor pra que duvida, amor pra quem acredita,
Amor de raça, amor de fé, amor de graça,
Amor solene, amor pela pátria, amor desgraça,
Amor á quem, amar á quê, amar porquê?
Amor vilão, amor bandido, amor pecador,
Amor de vida, amor de morte, amor de foda,
Amor por você, amor por mim, amor por ele ou ela,
Amor recíproco, amor não recíproco, amor...
Amor...somente isso, fundamentalmente, isso.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

SÍNDROMES

Sabe quando tudo vai ficando vazio, quando vai ficando mono, uno, um, núcleo de tudo e a gente se sente a pessoa mais errônea do mundo por tentar varias vezes e sempre da essa sensação de perda ou arrependimento que feri á dentro esse coração chagado de tanto pulsar em vão por aquilo que a gente já sabe que não volta mais. Sempre derivamos tudo de momentos bons, ruins, proveitosos ou arrependidos, sempre causamos estes sentimentos absolutos e referenciamos tudo a eles porque na verdade é tudo que se aprende com eles, com isso, aquilo e sem mesmo sentir de verdade eles estão lá talvez desencadeando uma síndrome do pânico que você não estava por esperar, um momento de sofrimento por nada, por não ter nada biologicamente errado mais está lá e você sente o mundo se abrir aos seus pés e aquilo te sufoca talvez porque você parou de fumar ou deixou a última carreira de pó há meses. Como podemos ser tão errados naquilo que mais adoramos, talvez porque faz mal e é assim que você se sente agora que não tem mais, mal. O que fazer com os amigos que ainda estão nesse circulo vicioso que você acabou de sair... O que fazer com eles, dar um tempo, fugir, se deixar levar, não ter cabeça, perder a cabeça e voltar com eles naquilo que te fez mal e ainda os deixar bem. Ás vezes da um medo, de perder pessoas que amamos por algum tipo de distúrbio nosso, será que o caminho está longo, até quando isso fará parte da minha alma viva pedindo por socorro. Ainda espero olhando para o relógio da sala de estar verificando meus batimentos cardíacos.