quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O VELHO BANQUINHO DA PRAÇA (MEMÓRIAS)

Vejo pessoas na rua caminhando atrás de seus objetivos, correndo atrás de sua vida incansavelmente tropeçando em paralelepípedos pra chegarem a seus destinos. Pessoas namorando na pracinha da escola, me dão um prazer, sinto-me com dezoito ou talvez menos, não canso de admirá-las com seus olhares sinceros de dar inveja a um padre no confessionário, gente querendo amar uma vez na vida e ser amada, isso é reciprocidade verdadeira. Sento-me pra tomar um sorvete de creme naquela mesma e velha sorveteria do bairro aonde um dia amei alguém entre potes e casquinhas que hoje apenas minha memória dá sinal de não estar envelhecendo e por isso me fez lembrar desse alguém especial. Olho pela porta de saída e o vejo mais gordo ou talvez mais forte, não importa, é o mesmo de anos atrás, me olha e pisca um dos olhos em sinal de reciprocidade de sentimentos ou talvez de respeito. Termino o sorvete e saio um pouco vermelho de timidez que fez valer a pena a um tempo atrás, vejo um acidente de moto há uns dois quarteirões á minha frente, prefiro não ir até lá, na última vez que fui,um grande amigo se despediu deixando uma marca de sangue no asfalto e até hoje tenho uma grande aversão a motos, não consigo gostar, acho lindos os designes mas não gosto de andar não, prefiro pegar um táxi. Passo por vários lugares que me insinuam lembranças, toda vez quando saio de casa sempre passo por algum lugar que me faz lembrar de algo ou alguém, até a loja de calçados me faz lembrar da minha época de all star, quando eu adorava beber conhaque na esquina pra me sentir anti-social porque meus amigos eram totalmente anti-sociais, inclusive a pessoa que eu namorava na época, foi uma fase de muito amor e porrada, noites viradas no álcool, sexo e muito rock and roll, quando a gente cresce sempre fica pedindo pra voltar pra essa fase, o mundo tinha gosto de auto conhecimento e sem censura, hoje apenas tentamos nos conformar com as idas principalmente dos nossos ombros amigos daquela época. Dia da pátria, vejo um bando de soldados se apresentando em uma avenida famosa aqui da minha cidade, ombro arma, meia volta volver, alto!!! Já passei por isso e fico me perguntando como é que será que eles estão se sentindo toda vez que os vejo, será que estão fulos, será que estão entrando em êxtase, na minha época diria que era um misto dos dois, não gostava mesmo era de acordar cedo demais, alias nunca gostei, sempre preferi dormir bem depois do programa do Jô, mas sempre trabalhei com maior empenho e nadinha de sono, depois que a gente sai do exército com certeza nos policiamos muito mais, inclusive nos damos ao luxo de amar a quem naquela época não podia, mas fazer o que se não somos amados na maioria das vezes, então eu passo. Vou para o futuro e nele descubro que sou um grande artista talvez digno de prêmio Shell, mas o melhor de tudo é que hoje vivo com a arte delineada sobre a minha pele pintada por aquela pessoa que me fez enxergar que a vida não é feita de lembranças pra sempre e sim representada no palco todos os dias de uma vida.

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